sexta-feira, 3 de junho de 2011

Insubmisso






Existe um detalhe muito bonito e romântico, que tive notícia aconteceu na vida dos nossos avós, Joventino e Ecilda. Era o início do século XX, muitos eventos acontecendo em todo o mundo e no Brasil não era diferente.
Se os brasileiros dos dias atuais conhecem pouco de seus direitos e de seus deveres, imaginem o que sabiam os das três primeiras décadas do século passado.
Dito isto, voltamos de novo no tempo e lembramos que o Vô Joventino e a Vó Ecilda se conheceram pelas mãos da Tia Rola e que acabaram se apaixonando e casando, lá em Caxias do Sul, nos anos 30.
Da história me faltam alguns detalhes, os quais prometo buscar mais a fundo com aqueles que souberem um pouco mais e prometo contar aqui, logo que possível.

Bem, se não há muito o que contar a respeito da "casca", passemos então ao "miolo", que é o que me trouxe até aqui: o Joventino, Vô Tinto, não era mais do que um guri quando se casou com a bonita mulher por quem se apaixonou.
Convém lembrar que o Exército Brasileiro era diferente e regido por regras que hoje pareceriam um tanto absurdas. Convém lembrar, também, que não era do conhecimento do Joventino que, aos dezoito anos de idade, deveria se apresentar a um posto do Exército e se alistar para o serviço militar obrigatório. Não sabia e nem nunca lhe foi dito.
Logo nos primeiro anos de vida em comum, os filhos foram chegando: o Raul, o Saul, a Sônia Maria... A Dona Ecilda trabalhava de sol a sol para prover a educação, a limpeza e o alimento de toda a trupe e o Seu Joventino batalhava com a armas que tinha, de homem da época, para o sustento da família.
Os anos, assim, se passaram e as coisas aconteceram de maneira bastante rápida: em um belo dia, o Jeep do exército encostou diante da casa dos Pinheiro e desceram uns homens uniformizados, trazendo nas mãos um papel que, segundo eles, mandava levarem consigo, preso, o Sr. Joventino "Zito" Pinheiro.
Apesar do pânico e do nervosismo da esposa e dos filhos, levaram preso o pai daquela família para que, segundo a lei, cumprisse a suas obrigações de brasileiro. Mesmo com filhos pequenos (e, se não me engano, com mais um a caminho), o Vô Tinto foi levado para o alistamento obrigatório, ou seja, foi preso e conduzido para servir ao Exército Brasileiro, na condição de "Insubmisso" por não ter se apresentado voluntariamente na idade devida.
Para agravar ainda mais a situação, foi prestar o seu serviço à pátria bem longe de casa.
Desse período doído e que deve ter sido extremamente sofrido a todos, há um registro muito bonito, que acompanha a família desde aquela época, uma verdadeira preciosidade: uma carta que o Joventino escreveu para a esposa Ecilda, enquanto estava no serviço militar.

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